sábado, 4 de outubro de 2008

Bagagem...


Hoje acordei cedo com uma dorzinha de cabeça (provavelmente proveniente do aparelho ortodôntico que apertei quarta-feira passada) e resolvi ler os últimos poemas do livro "Bagagem" (lançado no Rio de Janeiro em 1976), o primeiro trabalho publicado de Adélia Prado, uma Mineira de Divinópolis, sargitariana (assim como eu).
O que me chama atenção nos poemas de Adélia é que seu cotidiano é a própria condição da literatura, isso me encanta, pois a poesia esta na nossa volta, basta ter sensibilidade.
"Atávica"
(um poema de Adélia que conta um pouco de mim)
"Minha mãe me dava o peito e eu escutava,
o ouvido colado à fonte dos seus suspiros
'Ó meu Deus, meu Jesus de misericórdia'.
Comia leite e culpa de estar alegre quando fico.
Se ficasse na roça ia ser carpinteira, puxadeira de terço;
cantadeira, o que na vida é beleza sem esfuziamentos, as tristezas maravilhosas.
Mas eu vim pra cidade fazer versos tão tristes
que dão gosto, meu Jesus de misericórdia.
Por prazer da tristeza eu vivo alegre."

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